Estava nos meus pensamentos, alheia a tudo, lembranças passavam pela minha cabeça, me lembrei da minha amada mãe que em paz descanse, escrevia muito bem, o mundo perdeu uma grande escritora, não se interessava em publicar seus belos e profundos escritos, narrei um de seus profundos escritos : fechei meus olhos e vi nitidamente num outro tempo, uma velha esfarrapada, suja, sapatos velhos, estava muito cansada, me transportei para aquela mulher sofredora, me vi passando e sofrendo, era eu por um instante; estava com muita fome, me arrastava lentamente, quando ouvi o barulho de uma cachoeira seguindo o seu caminho, vi um rio grande que passava no seu curso encantador da Natureza, uma cachoeira de uma beleza extraordinária que caia dando mais força ao caminho normal do rio límpido e frio, me sentei numa pedra, tirei meus sapatos, coloquei meus pés doloridos dentro do rio, o alivio foi instantâneo, como quem nada quer, comecei a jogar pedrinhas no rio, se formou um redemoinho grande, fiquei distante, mas olhei, para meu espanto, vi uma linda jovem no esplendor da juventude, curiosa meio incrédula, perguntei quem era ela, me respondeu que ela era eu, mas como? eu era uma velha enrugada, feia e maltratada pela vida, numa tristeza infinita, perguntei mais uma vez, quem era ela, a mesma resposta que eu era ela, fiquei muito pensativa, ela sorriu e desapareceu quando o redemoinho se desfez, fiquei muito espantada, e refleti muito, eu era ela, me levantei, meus pés já não doíam mais, não me sentia cansada, pelo contrário, me sentia com energia, erguida, e muito feliz, peguei uma manga e fui chupando aquele suco delicioso e doce, pensei mais uma vez, sim! eu era ela, linda, jovem e cheia de saúde, caminhei feliz desaparecendo no meio da poeira, era sua essencia (Lia Werneck). voltei a mim num instante, abri meus olhos, estava sentada na pedra olhando para o mar, era uma sensação inédita, de prazer e de muita alegria, ouvi aquele lindo cachorro latindo com seu dono atrás, chegaram perto de mim, o cachorro quando me viu, chorava e me lambia, era uma festa tão prazerosa, ele lindo e jovial sorria, me perguntou se eu estava sonhando, eu lhe disse, que estava alheia a tudo mas não me lembrava de nada, os dois saíram correndo e mergulharam no mar, que vontade de ir atrás e mergulhar nessa agua salgada e cristalina, vi os dois, e senti alguma coisa que não sei explicar ... Vida que segue.
Guiomar Villalba
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